Como advogada e alguém que valoriza o papel da história na formação da nossa sociedade, quero compartilhar uma reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra. Apesar de terem se passado 136 anos desde a abolição da escravidão, os negros no Brasil continuam enfrentando desafios significativos, como a marginalização social, o racismo estrutural e a desigualdade no mercado de trabalho. Embora representem aproximadamente 52% da população, estão entre os mais pobres, com acesso limitado a terras, educação e oportunidades.
A escravidão deixou marcas profundas, não apenas materiais, mas também culturais e identitárias. Os afrodescendentes, ao serem trazidos para o Brasil, perderam seus nomes, raízes e vínculos familiares, vivendo sob um sistema que até hoje reflete a exclusão e o preconceito. Os quilombos, como o de Palmares, são símbolos de resistência, mas a luta pela equidade continua.
Precisamos reconhecer que a democracia racial no Brasil é um mito. Ações afirmativas, como as cotas em universidades e empregos públicos, são essenciais para corrigir as injustiças históricas. Reitero a importância da educação e do combate ao racismo em todas as suas formas, lembrando que, como sociedade, somos responsáveis por transformar essa realidade.
A subseção de Cachoeiro de Itapemirim possui a Comissão de Igualdade Racial, um espaço essencial para promover debates, iniciativas e políticas voltadas ao combate ao racismo e à promoção da equidade racial. Essa comissão desempenha um papel fundamental ao impulsionar a conscientização sobre a desigualdade racial estrutural, incentivar a representatividade e propor medidas para garantir que os direitos da população negra sejam efetivamente respeitados. Além disso, atua como um elo entre a advocacia e a sociedade, reforçando a responsabilidade dos profissionais do direito na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
No dia 16 de agosto de 2021 a OAB-ES e 2ª subseção inaugurou um espaço em Cachoeiro de Itapemirim dedicado aos advogados iniciantes ou aqueles que não possuem escritório próprio, ou que necessita de um espaço para atendimento.
O espaço foi batizado de sala “Dr. José Paineiras Filho”, falecido no ano de 2020, ele foi um historiador, advogado e jornalista, reconhecido por sua atuação em prol da valorização da cultura negra e da história de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo. Ele integrou o UNINEGRO (União Cachoeirense de Negros), o Centro Operário e de Proteção Mútua, além do Instituto Histórico e Geográfico de Cachoeiro de Itapemirim.
Seu trabalho destacou-se pela defesa dos direitos dos afrodescendentes e pela preservação da memória histórica, principalmente relacionada à resistência negra no Brasil e à luta contra a marginalização e o racismo estrutural que ainda afetam essa população.
Advogada – OAB/ES 28.497
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