Fórum de Direitos Humanos visita APAC de Cachoeiro

Visita abre diálogo sobre execução penal mais humanizada

Uma comitiva de nove representantes do Fórum Permanente de Direitos Humanos da 2ª Subseção da OAB-ES visitou, nesta quinta-feira (31), a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Cachoeiro de Itapemirim. O encontro marca um passo significativo na articulação entre a advocacia regional e o modelo alternativo de execução penal que tem ganhado reconhecimento pela eficácia na ressocialização de apenados. 

A visita foi liderada pela advogada Valéria Martins Hoinhas, presidente da Comissão de Direitos Humanos da 2ª Subseção, e contou com a participação dos  advogados Nilton Costa Filho, Isabela Canal e Alex Tavares (todos membros da comissão), o estudante Elias Carreiro Junior, além de Maximiano da Silva Neto e Mariani Souza Silva (Centro de Referência das Juventudes – CRJ), Rayane Almeida e Fernando Spoladore Coelho (Cáritas Diocesana), e Thamires Guimarães (Secretaria Municipal dos Direitos Humanos). A delegação foi recebida pelo gerente-geral da APAC, Caio Jordão, e pelo diretor-presidente, Ubaldo Luiz Batista.  

O encontro representa a materialização dos objetivos do Fórum Permanente de Direitos Humanos, instalado no início de junho pela 2ª Subseção com o propósito de articular políticas, projetos e debates sobre direitos fundamentais na região. A iniciativa busca fortalecer o diálogo institucional entre diferentes atores do sistema de justiça criminal, promovendo uma abordagem mais humanizada da execução penal. 

A APAC é uma entidade civil que administra centros de reintegração social de presos, baseando-se no “Método APAC” de recuperação. A unidade opera sob uma metodologia que integra pilares como valorização humana, assistência jurídica, assistência à saúde, espiritualidade, assistência social, educação, trabalho, disciplina, mérito e família. 

Durante a visita, os representantes do Fórum Permanente de Direitos Humanos puderam conhecer de perto o sistema diferenciado que coloca o “recuperando” no centro do processo de ressocialização. O modelo APAC, criado em Minas Gerais na década de 1970, elimina o uso de armas, fardas e algemas, apostando na responsabilização do próprio apenado pela sua recuperação e reintegração social.

Fotos: APAC Cachoeiro

Para Fernando Spoladore Coelho, um dos integrantes da comitiva, “a experiência foi única e fantástica”, segundo comentário publicado no Instagram. Ele também disse estar “ansioso para se tornar um voluntário da APAC”.  

O advogado Nilton Costa Filho, também presente, agradeceu “a todos pelo carinho e acolhida”, destacando o clima de receptividade que marcou o encontro. A interação entre os visitantes e a equipe da APAC sugere o início de uma parceria promissora para o fortalecimento dos direitos humanos no sistema prisional da região. 

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Valéria Martins Hoinhas, tem defendido que “os direitos humanos são a base de uma sociedade justa que valoriza a dignidade de cada pessoa e garante o bem-estar social”. A visita à APAC alinha-se com essa filosofia, demonstrando o comprometimento da OAB em buscar alternativas eficazes para os desafios do sistema prisional brasileiro. 

A APAC, como observam especialistas, representa um modelo exitoso de execução penal que contrasta com a realidade dos presídios convencionais. Com índices de reincidência significativamente menores do que o sistema tradicional e foco na recuperação integral do indivíduo, a metodologia tem despertado interesse crescente entre operadores do direito e gestores públicos. A aproximação formal entre o Fórum Permanente de Direitos Humanos e a instituição sinaliza um movimento em direção à expansão e fortalecimento desse modelo, com potencial para influenciar políticas públicas de segurança e justiça criminal na região.

Wellington Cacemiro

Advogado – OAB/ES 38.376
Jornalista e vice-presidente da Comissão de Comunicação
2ª Subseção da OAB/ES