Encerramento do Programa TJC provoca reflexões sobre desigualdade social, preconceitos e ressocialização

Estudantes de 10 escolas municipais de Vila Velha fizeram apresentações culturais no auditório do TRT-17.   “Tire a máscara! Falar pode mudar tudo.” O título da apresentação dos alunos da Umef Pedro Herkenhoff, os primeiros a subirem ao palco, serviu como um anúncio do que seria aquela tarde de quinta-feira (20). Um dia para ficar gravado no coração. Uma a uma, as turmas das dez escolas municipais participantes do Programa Trabalho, Justiça e Cidadania (TJC) em Vila Velha ocuparam o auditório do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES). Com estilos diferentes, expressando-se por meio da poesia, da música, do teatro, de vídeos, colagens e desenhos, os estudantes mostraram que estão dispostos a mudar a realidade. Os temas das apresentações não poderiam ser mais atuais: racismo, homofobia, feminicídio, desigualdade social, direitos trabalhistas, assédio moral, trabalho escravo e ressocialização de jovens, dentre outros.  Os trabalhos foram avaliados por uma equipe de jurados e os seis primeiros colocados receberam prêmios. “Herança de silêncio: trabalho doméstico e a memória das mulheres negras”  Fazendo uma comparação entre a escravidão no período colonial e o trabalho doméstico nos dias de hoje, a peça de teatro apresentada por alunos e alunas da Umef Professora Nice de Paula conquistou o primeiro lugar. As professoras Tania Leite Lemos da Silva, de História, e Virgínia Amaralinda Calabrez Martins, de Geografia, ficaram muito felizes com o resultado. “Foram três semanas intensas de ensaio, mas os preparativos começaram bem antes. Exibimos para os alunos o filme Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, que serviu de inspiração”, contaram.  O diretor da escola do bairro Boa Vista 2, André Luiz Lopes Camargo, também não escondia o orgulho. “Os alunos capricharam muito no cenário, nos figurinos, trabalharam com perfeição”, disse.  Banda marcial se apresentou A cerimônia de encerramento do TJC começou com apresentação da Banda Marcial da Umef Paulo Mares Guia, formada por alunas e alunos, sob a regência do maestro Daniel dos Santos Oliveira. Na plateia, centenas de estudantes das escolas participantes, magistrados do TRT-17, advogados e, é claro, os jurados, que não perdiam um detalhe das apresentações.  A difícil tarefa de escolher as melhores apresentações coube ao escritor Fábio Daflon, à professora Elaine da Fonseca, ao músico Robely de Oliveira, ao compositor Bruno dos Anjos e à professora e escritora Karla Saldanha.A vice-presidente do TRT-17, desembargadora Alzenir Bollesi de Plá Loeffler, deu as boas-vindas a todas e todos, em nome do Tribunal. “Vocês trouxeram alegria e paz, esta casa é de vocês. Espero que o TJC seja sempre referência na vida de todos, pois é um projeto que valoriza o direito social”, disse a magistrada.  O evento contou com a presença das desembargadoras aposentadas e ex-presidentes do TRT-17, Maria de Lourdes Vanderlei e Souza e Maria Francisca dos Santos Lacerda, que teve participação ativa no TJC desde a implantação do programa no Espírito Santo, há 13 anos.  Também estavam presentes representantes da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho do Espírito Santo (Amatra17), da OAB-ES, da Secretaria de Educação de Vila Velha e das empresas parceiras do programa: Arcellor Mittal, Vix Logística e Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Discursos no encerramento  As seis escolas premiadas ganharam vale-compras para serem utilizados em uma rede de supermercados. E todas receberam uma placa pela participação no evento.   O secretário de Educação em exercício de Vila Velha, Fabrício Barcelos dos Santos; o coordenador do TJC no Estado, desembargador aposentado Hélio Mário de Arruda; e a coordenadora regional do TJC, juíza Rosaly Stange Azevedo, subiram ao palco ao final das premiações, para agradecer a presença de todas e todos e falar sobre a importância do programa.  O programa Trabalho, Justiça e Cidadania é uma iniciativa da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e tem como objetivo promover a conscientização dos direitos e deveres básicos do cidadão, o exercício da cidadania e a integração do Judiciário com a sociedade. No Estado, o TJC é desenvolvido pela Amatra17 desde 2011 e já atendeu a mais de 10 mil alunos, nos municípios de Vitória, Vila Velha e Cariacica.  Confira as escolas que se apresentaram e os respetivos temas:  -Pedro Herkenhoff: “Tire a máscara, falar pode mudar tudo.” -Paulo Mares Guia: “A vidraça. O direito à ressocialização” -Macionília Bueno: “Na moral, posso te dar uma ideia?” -Professora Nice de Paula: “Herança de Silêncio: o trabalho doméstico e a memória das mulheres negras” -Juiz Jairo de Mattos: “Conhecemos nossos direitos” -Marina Barcelos: “Assédio moral / Igualdade de gênero” -Ulisses Álvares: “Aprendendo e conhecendo sobre as leias que protegem as crianças, os adultos e todas as minorias no ambiente de trabalho” -Professor Darcy Ribeiro: “Preconceito” -Prefeito Vasco Alves: “Descriminalização, movimento de aceitação e conscientização” -Gil Bernardes: “O assédio e suas faces no ambiente de trabalho”    Matéria de teor meramente informativo, sendo permitida sua reprodução mediante citação da fonte. Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (ES) Coordenadoria de Comunicação Social e Cerimonial (CCOM) – [email protected] Texto: Cristina Fagundes / Fotos: Nicoly Reis e Larissa Pinheiro, estagiárias sob a supervisão da CCOM