Diálogo com as subseções

O advogado Patrick de Oliveira Malverdi é uma figura impossível de ser dissociada da história recente da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo. Conselheiro Seccional e atual Diretor de Subseções, ele presidiu a 12ª Subseção da OAB-ES (São Mateus, Pedro Canário, Conceição da Barra e Jaguaré) de 2016 a 2021. Dentre os legados que deixou do período, a construção da sede própria, em São Mateus, foi um marco importante de sua gestão. Na presente entrevista, avalia de forma franca o trabalho dos últimos anos. Diz, por exemplo, que superar as desigualdades regionais foi, em sua opinião, o principal desafio enfrentado pela gestão que encerra seu mandato no próximo dia 31 de dezembro. Leia abaixo a íntegra da conversa.

Ao longo dos últimos anos, quais foram os principais avanços alcançados pelas subseções da OAB-ES?

Tive a honra de participar do sistema OAB como Presidente de Subseção (2016 a 2021), Conselheiro Seccional e Diretor de Subseção (2022 a 2024). Durante esse período, tive a oportunidade de presenciar e contribuir para avanços significativos em diversas áreas. Destaco, entre eles, a ampliação da infraestrutura física e tecnológica, com a construção de novas sedes e melhorias em espaços já existentes. Outro marco importante foi a luta pela manutenção das comarcas que o Tribunal de Justiça do Espírito Santo pretendia extinguir, um trabalho árduo que reforçou o compromisso com a advocacia e garantiu o acesso à Justiça para a população de diversas regiões.

A interiorização da advocacia foi um dos pilares do trabalho da atual gestão. Quais foram os maiores desafios enfrentados para garantir que os advogados e advogadas do interior tivessem acesso igualitário aos serviços da Ordem?

O principal desafio foi superar as desigualdades regionais, especialmente em termos de infraestrutura e conectividade. Outro obstáculo foi garantir a presença física e virtual da Ordem em áreas mais afastadas, muitas vezes com recursos limitados. Contudo, com planejamento estratégico e parceria com as subseções, conseguimos descentralizar serviços como cursos de capacitação, além de eventos que aproximaram a advocacia do interior da Ordem.

O senhor participou de importantes iniciativas de descentralização nas subseções. Como avalia o impacto dessas mudanças na eficiência e no engajamento da advocacia local?

A descentralização trouxe resultados muito positivos, permitindo que as subseções tivessem maior autonomia na gestão de suas demandas. Isso refletiu em uma advocacia mais engajada, que se sente ouvida e representada. Além disso, a eficiência na resolução de problemas aumentou significativamente, pois as soluções foram construídas com base nas realidades locais. Essa proximidade também fortaleceu o senso de pertencimento dos advogados à Ordem.

A construção da sede própria em São Mateus foi um marco importante durante sua gestão. Quais lições esse projeto trouxe para a expansão e fortalecimento das demais subseções?

Esse projeto nos ensinou a importância do planejamento e da gestão colaborativa, envolvendo todos os atores interessados no processo. Também reforçou a necessidade de adaptar as ações às características e demandas de cada subseção. A construção da sede própria simbolizou não apenas um avanço estrutural, mas um compromisso com a valorização da advocacia no interior, o que pode ser replicado em outras regiões.

Quais estratégias foram adotadas para fortalecer o senso de pertencimento e a união entre os advogados e advogadas das subseções?

Investimos em eventos de integração, como seminários, palestras e confraternizações, sempre priorizando temas relevantes para a advocacia local. Outra estratégia foi valorizar as iniciativas das subseções, conferindo a elas protagonismo no cenário estadual. Na 12ª Subseção (São Mateus), por exemplo, foram realizados dois grandes congressos, que serviram como marcos importantes para a advocacia da região.

Os eventos promovidos pela OAB-ES ao longo desses últimos anos frequentemente tiveram “casa cheia”. Qual foi o segredo para alcançar tanto engajamento da advocacia?

O sucesso dos eventos está diretamente ligado à escolha de temas relevantes, ao formato acessível e à valorização dos advogados como protagonistas. Buscamos ouvir as sugestões das subseções e trazer palestrantes de destaque, além de investir em infraestrutura para proporcionar experiências enriquecedoras.

A gestão que se encerra é marcada por uma forte conexão com as demandas locais das subseções. Como o senhor acredita que essa proximidade influenciou os resultados alcançados?

Essa proximidade foi essencial para a construção de uma gestão participativa e eficaz. Ao compreender as demandas específicas de cada subseção, conseguimos implementar soluções personalizadas e com maior impacto.

Quais áreas ainda precisam ser aprimoradas nas subseções da OAB-ES e quais recomendações o senhor deixa para a próxima gestão?

Algumas áreas ainda requerem atenção, especialmente no que diz respeito à expansão e equiparação dos serviços disponíveis à advocacia do interior, assegurando que tenham acesso igualitário ao que é oferecido na região metropolitana. Recomendo que a próxima gestão mantenha um diálogo próximo com as subseções e a classe advocatícia, invista em infraestrutura moderna e continue valorizando as particularidades e demandas regionais. Dessa forma, a Ordem continuará sendo uma parceira sólida e representativa para toda a advocacia.

Publicado na revista Advocacia, edição nº 11