O futuro pede inovação

Em uma conversa esclarecedora, a advogada Kenia Pacifico de Arruda aborda como a tecnologia está ajudando a redefinir as práticas da advocacia regional

No cenário jurídico contemporâneo, marcado por rápidas transformações tecnológicas e uma crescente complexidade nos processos, a advocacia enfrenta o desafio de se reinventar. Neste contexto de mudanças aceleradas, a perspectiva da advogada Kenia Pacifico de Arruda, tesoureira da 2ª Subseção da OAB-ES, contribui sensivelmente para aclarar dúvidas sobre práticas jurídicas mais adaptadas e inovadoras. Na entrevista concedida ao portal OAB Cachoeiro de Itapemirim, Kenia reflete sobre as tendências atuais, as práticas emergentes e os desafios que se impõem aos profissionais do Direito na região.

Com um olhar aguçado para as nuances do setor, ela discorre sobre as dificuldades enfrentadas pela advocacia regional, desde a resistência cultural à integração tecnológica até as lacunas na formação acadêmica. O papel da 2ª Subseção da OAB-ES, conforme explica, é vital para fomentar um espírito de inovação contínua entre os advogados e advogadas da região, assegurando que a prática jurídica não apenas acompanhe, mas também lidere as transformações. Nesta conversa esclarecedora, exploramos as facetas e as expectativas de uma profissão em constante evolução.

Como você vê a evolução da advocacia regional em termos de inovação?

A advocacia regional tem buscado inovação por meio de cursos, estudo e aplicação de novas tecnologias.

Você poderia compartilhar alguma prática inovadora que adotou recentemente em sua atuação jurídica? Ou, caso queira, alguma prática inovadora que observou ser adotada pelos escritórios de advocacia da região?

Uma das formas de inovação que os escritórios têm adotado é investir em softwares de gestão de processos, com monitoramento automatizado de ações, informações processuais, confecção automatizada de documentos, dentre outros.

Na sua opinião, quais são os maiores desafios que os advogados da região de abrangência da 2ª Subseção enfrentam ao tentar inovar em suas práticas?

Acredito que a advocacia enfrenta uma dificuldade geral para reconhecer a necessidade de inovação das práticas. Nos cursos de direito não recebemos nenhum tipo de orientação sobre gestão e muitos advogados têm resistência em aceitar as práticas inovadoras, talvez por entender que isso seria contrário à advocacia, que é uma profissão intelectual. Ainda temos colegas que têm dificuldades no processo digital, por exemplo. Então, são questões que devem ser trabalhadas por cada escritório, com estudo e auxilio de profissionais especializados para aceitar que tarefas simples, cotidianas, automatização de processos, podem facilitar o dia a dia.

De que maneira, por exemplo, as inovações na gestão e no atendimento ao cliente, têm impactado os escritórios de advocacia?

Certamente a inovação agiliza atendimentos, traz mais comodidade para o escritório e para o cliente para que o advogado tenha mais tempo para cuidar dos processos.

Existem tecnologias ou abordagens específicas que você, por exemplo, tem utilizado para aprimorar sua prática jurídica?

No nosso escritório temos buscado implementar medidas para automatizar procedimentos, tais como acompanhamentos processuais, documentos simples, petições simples, por meio de softwares e também por meio do uso de inteligência artificial.

Como a 2ª Subseção da OAB-ES tem apoiado ou incentivado a inovação entre os advogados locais?

A 2ª Subseção da OAB-ES procura trazer cursos, incentivar eventos, abrir as portas para que a advocacia se aperfeiçoe e aplique as tecnologias possíveis.

Na sua opinião, qual é a importância de adotar práticas inovadoras na advocacia no cenário atual?

A adoção de práticas inovadoras, no cenário atual da advocacia, é essencial para a continuidade dos escritórios e da prática da advocacia. As pessoas estão aceleradas, com a entrada dos processos eletrônicos os andamentos tendem a ser mais rápidos e inovar se faz extremamente necessário.

Você acredita que a formação acadêmica em Direito está acompanhando essa onda de inovações? O que poderia ser melhorado?

Como dito, acredito que já na faculdade deveria haver matérias de gestão ao menos por um semestre para que os estudantes pudessem ter noção do que é um escritório, a necessidade do mercado, a necessidade de organização. Penso que neste aspecto ainda temos muito a crescer.

Quais são suas expectativas em relação à inovação na prática jurídica com a adoção de novas tecnologias, como o emprego de inteligência artificial (IA)?

Acredito que o emprego de inteligência artificial pode ser extremamente útil como fonte de pesquisa, fazer petições, procurações, documentos simples, e-mails, dentre outros. Com uso da inteligência artificial para coisas repetitivas e simples, o advogado terá mais tempo de dedicar-se ao cliente, ao processo, à criação de teses, dentre outros.